Grupo Pedras Vivas - Terceira Idade da Igreja Batista Itacuruçá

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quinta-feira, 21 de abril de 2011

DEUS CUIDARÁ DE TI, DEUS CUIDARÁ DE NÓS...

DEUS CUIDARÁ DE TI, DEUS CUIDARÁ DE NÓS...


Westh Ney Rodrigues Luz
Dona Esther Leiroz, quando jovem frequentou uma igreja batista no Rio de Janeiro (omiti o nome da igreja propositadamente), assim narrou do alto dos seus 82 anos, com a mente já falhando e esquecida, perdida em algum momento, em algum lugar do passado. Acho que a sua família nunca soube, pois após o casamento precisou deixar de ir à igreja. Seus filhos e netos não foram criados em nenhuma Igreja evangélica.

Quando descobri isto, comecei a recitar com ela alguns versículos bíblicos e Salmos quando visitava a Clínica para idosos onde estava morando. Seu olhar ficava no vazio e esboçava um pequeno sorriso. Comecei então a cantar hinos do Cantor cristão no seu ouvido e bem devagar. Pela idade, deveria conhecer ou lembrar pelo menos de alguns hinos, pois era este hinário que as igrejas batistas brasileiras na época cantavam, assim pensei.

Quando cantei bem perto do seu ouvido o hino 344 do Cantor Cristão, o Deus cuidará de ti, começando pelo estribilho: “Deus cuidará de ti, em cada dia proverá. Sim, cuidará de ti. Deus cuidará de ti”; os seus olhos se iluminaram, abriu um sorriso e com sua voz entrecortada cantou comigo. Que emoção, para sua filha e neto, e é claro para mim.

Conversamos seguidamente sobre Jesus, o seu Salvador, recitávamos João 3.16 – Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Com este versículo eu seguia com o Salmo 23 - a esperança no Senhor, o nosso Bom Pastor.

Sua saúde mental foi piorando, dona Esther não reconhecia alguns dos familiares mais íntimos, confundia realidade com imaginação. Em um período pior quase à morte em um hospital público do Rio de Janeiro onde lutávamos para que ela se recuperasse de um erro médico, ela ainda lembrava e tentava cantar comigo o “Deus cuidará de ti” enquanto eu tentava fazer com que ela bebesse um caldinho em uma caneca com canudo. Cantei para ela ouvir a 2ª estrofe: “Na dor cruel, na provação, Deus cuidará de ti. Socorro dá e direção. Deus cuidará de ti”.

No seu culto fúnebre, diante de muitos familiares, na capela do cemitério do Caju, imprimi uma ordem de culto com o Salmo 23, João 3.16 e cantamos, eu e seu neto o hino preferido da amada dona Esther, testemunhando naquele dia o seu reencontro com seu Salvador e Senhor na velhice, no Asilo, na Clínica. Estou emocionada neste momento pensando em quantos que só precisam ouvir de novo a mensagem do seu hino preferido para voltar aos braços do Pai, antes que venha a noite.

Esta poesia foi escrita por Civilla Durfee Martin (1866- 1948) e musicada pelo pastor Walter Stillman Martin (1862- 1935) em uma circunstância emocionante e especial.

Foi em 1904 que este hino nasceu quando o pastor precisando sair para falar em uma igreja em uma manhã de domingo, deixando em casa sua esposa Civilla muito enferma e semi-inválida com seu filho ainda pequeno.

“Pai, se é a vontade de Deus que você vá pregar hoje na igreja, Ele não poderá tomar conta da mamãe enquanto você estiver ausente?” Esta foi a pergunta do filho ao pr. Martin que estava quase ligando para dizer à igreja que não poderia estar com ela naquela manhã. Sua esposa também assim afirmou: “Deus cuidará de mim.” E assim, deixando sua esposa e seu filhinho aos cuidados do Senhor, o pastor seguiu para a Igreja Muitas conversões aconteceram naquele dia.

Quando chega a sua casa, seu filho entrega um envelope com uma poesia com o título “Deus Cuidará de Ti”, pois inspirada pela fé do seu menino Civilla escreveu as estrofes deste hino que durante muitos anos, mais de um século tem confortado e abençoado muitas pessoas.

Em seguida, o pai – pr. Martin - sentou-se ao órgão e compôs a melodia que conhecemos e que tem em muitas denominações e em muitos países confortado e encorajado muitas pessoas. A fé desta criança foi inspiração para este casal e até hoje somos alcançados por esta mesma fé por meio desta poesia cantada. Esta fé nasceu no coração desta criança pelo testemunho e ensino deste mesmo casal – benditos lares cristãos que cuidam da educação religiosa dos seus filhos.

Em 1905, foi publicado no hinário Songs of Redemption and Praise em Lerstershire, Estado de Nova Iorque e a tradução que cantamos e conhecemos em nossas igrejas batistas brasileiras é do amado pioneiro Salomão Luiz Ginsburg, em 1905. Foi publicado no O Jornal Batista em 24/12/1912, página 6. Além do CC, este hino está no Hinário para o Culto Cristão- HCC - com o nº 33.

O canto comunitário, coletivo, congregacional serve para consolar e confortar, para desafiar, para ensinar verdades bíblicas, doutrinárias e teológicas, para proclamar as verdades do Senhor, para edificação da Igreja, do Corpo e testemunhar da Fé Cristã.

Gostaria de incentivar você líder eclesiástico para que não deixe de cantar os grandes hinos da nossa Fé, mesmo que alguns os classifiquem como muito antigos. Antigo não quer dizer que não comunica, não ensina e que não seja algo bom ou válido. Pense na Dona Esther e em muitos outros exemplos que você também conhece. Ao escolher os cantos sejam hinos ou cantos avulsos (Só o poder de Deus ou Que a beleza de Cristo se veja em mim) para sua congregação cantar, pense que muitas pessoas, mesmo afastadas ou que nunca tenham entrado em uma igreja, já devem ter ouvido estas antigas melodias ou partes da poesia por suas avós, tias, cozinheiras e babás – mas isto é uma outra história que contarei em outra ocasião.

Bibliografia: MULHOLLAND, Edith Brock. Notas Históricas do Hinário para o Culto Cristão (HCC). Rio de Janeiro: JUERP, 2001
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artigo para O Jornal Batista e publicado em setembro de 2010
Westh Ney Rodrigues Luz, membro da Igreja batista Itacuruçá e profª no Seminário do Sul – STBSB

blogdawesth, segunda-feira, 18 de outubro de 2010


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